Bem-vindos, molecada!

Este será meu primeiro post no blog. Sempre quis inaugurar com uma bela história. E com a correria desta louca vida fui deixando o tempo passar e as histórias também. Uma em especial não podia deixar passar. A história de como nasce uma mãe, sobretudo de sua luta, perseverança e fé.  Nidia, obrigada por sua generosidade em dividir com  a gente tanta emoção. As lágrimas rolaram, o coração acelerou e minha alma vibrou.

Espero que este depoimento alcance um desejo de alma. Seja um respiro de esperança em corações aflitos.

Ps: Resolvi manter o texto na íntegra. É muito rico para omitir ensinamentos.

 

Em 2011, depois de 1 ano de casamento. Vicente já tinha um filho, o Victor. Começamos a pensar em ter um filho. Eu já estava com 36 anos e o relógio biológico batia à minha porta.

Para minha surpresa logo no primeiro mês de tentativa já veio o atraso menstrual e o beta deu positivo. Eu não acreditava que pudesse ser assim tão rápido. Mas a alegria durou pouco, quando fomos fazer a ultra para ouvir os batimentos cardíacos do bebê descobrimos que a gravidez não tinha evoluído.

A coisa que mais ouvi nesse momento foi “aborto é normal” “seleção natural”. A médica que nos acompanhava, no momento, orientou que esperássemos até 30 dias pela expulsão do embrião a fim de evitar uma curetagem que seria agressiva ao útero. Foram os piores momentos da minha vida…administrar a tristeza que sentia sabendo que o embrião estava ali dentro de mim e que ele sairia, mas sem vida. No final dos 30 dias passei mal, muitas dores e sangramento, fui para o hospital e constatamos que a expulsão não foi completa e tive que fazer a curetagem.

Após a curetagem tive que esperar um tempo de recuperação do útero, descobri que estava com uma endometrite, inflamação decorrente da curetagem, tratei, e novamente voltamos a tentar engravidar.

Na primeira tentativa consegui o positivo. E agora as esperanças se renovavam novamente. Mais uma vez na sexta semana não escutamos os batimentos cardíacos do bebê. De novo, aquele conhecido discurso “até 3 abortos é normal” “seleção natural”. Dessa vez, fizemos logo a curetagem pois não tinha saúde emocional para esperar a expulsão do embrião.

A essa altura como não queria esperar e ver o terceiro aborto acontecer, decidimos buscar os médicos da reprodução humana. Fiz todos os exames possíveis e imagináveis e tudo normal. Exceto a forma do meu útero que era levemente arqueada e se confundia com um septo. Mas para os médicos não era isso que causava os abortos, supunha-se que era a qualidade dos meus óvulos em razão da idade.

Fiz a primeira fertilização, implantei um embrião e o resultado foi negativo. Novamente meu mundo desabou. Porque eu conseguia o positivo engravidando naturalmente e na fertilização era negativo? Muitas expectativas frustradas, gastos, agressão ao corpo com diversos remédios e hormônios…mas desistir nunca!!! Esse sempre foi o meu lema.

Parti para a segunda fertilização. Segundo os estudiosos do tema quanto mais fertilizações você faz maiores são as chances de engravidar, seu corpo apresenta melhor resposta aos hormônios…então fomos acreditando que tudo daria certo. Colocamos 02 embriões. Seriam gêmeos? Existiria a chance desses embriões se dividirem e se transformarem 04? Ai meu Deus!!! Seja feita a vontade divina.

O resultado foi negativo. Quanto desânimo, cansaço emocional, sensação de impotência, baixa autoestima. A essa altura já não gostava mais de ir em festa de criança, chá de fraldas, fazia de tudo para me poupar de lembrar que não conseguia realizar o meu sonho de ser mãe.

Decidimos fazer a terceira fertilização. Dessa vez, fizemos um exame chamado ERA que verifica a receptividade do endométrio. Descobrimos que o meu endométrio não estava receptivo para o dia da transferência dos embriões. O exame dizia que eu deveria transferir 01 dia depois.

Antes da transferência do embrião fiz uma cirurgia no útero para corrigir o septo que poderia estar atrapalhando a implantação dos embriões. Fiz, também, uma cirurgia na mama pois em razão do excesso de hormônios, um nódulo se desenvolveu em meu seio.

Transferi o embrião proveniente da terceira fertilização e para minha surpresa o resultado deu positivo!!! Fizemos a ultra e constatamos a existência de batimentos cardíacos. Que felicidade!!! No entanto, na oitava semana repetimos a ultra e para nossa tristeza a gravidez tinha parado de evoluir. Mas porquê???

Fiquei arrasada. Estava tão anestesiada com tantos hormônios que estava tomando que nem conseguia chorar. Um sentimento de tristeza profunda invadia meu coração mais uma vez. Em um ato de total desespero rasguei todos os exames e laudos dos tratamentos realizados durante todos esses anos. Tive que fazer nova curetagem e depois disso viajamos para a Grécia com a finalidade de tentar esquecer tudo o que aconteceu, como se isso fosse possível. Chegando na Grécia minha imunidade estava muito baixa tamanho era meu estresse. Logo no primeiro dia fiquei doente, febre, dor no corpo e tive que ir para o hospital. Tomei alguns remédios e em poucos dias melhorei.

Quando voltamos decidimos que não iríamos mais fazer fertilização. Fomos para uma médica imunologista especialista em reprodução. Comecei a fazer uma medicação imunológica nova pois suspeitava-se que meu corpo enxergava o embrião como um corpo estranho e o matava para se defender. Tentamos engravidar naturalmente e, novamente, foi de primeira. Mais uma vez a gravidez não evoluiu, sendo que não foi nem necessário fazer curetagem pois dentro de poucos dias a “menstruação” desceu.

Estava desesperada com o tempo porque a essa altura já estava com 41 anos. Busquei outro médico para tentar uma nova fertilização. Esse médico me disse que eu já havia tentado de tudo, o que estava faltando era “trocar o recipiente”, ou seja, um útero de substituição, que na expressão popular quer dizer barriga de aluguel. Saímos do consultório completamente atordoados, sem conseguir conversar sobre o assunto. Me senti a mulher mais incapaz do mundo.

Decidimos que não tínhamos condições psicológicas de fazer esse tipo de tratamento e suportar suas consequências.

Cogitamos de fazer nova fertilização fora do país, chegamos a tirar visto para os EUA, escolhemos um médico, mas antes de tomar essa decisão resolvemos fazer a fertilização em SP em uma clínica indicada por uma amiga.

Fizemos a quarta fertilização em SP, colocamos 2 embriões, e fomos com tudo!!! Hormônios, injeção de anticoagulante na barriga a gravidez inteira, corticóide e medicação imunológica. Resultado: positivo!!! Não conseguia acreditar!!! Seriam 2 bebês? Fiz a ultra e constatamos apenas 1 coração batendo, era o meu Lucas!!! Nas próximas ultras tinha um medo terrível de não ouvir mais os batimentos cardíacos como nas outras vezes. Mas dessa vez foi diferente, o coraçãozinho dele a cada dia batia mais forte.

Hoje aguardo ansiosamente a realização desse sonho…o momento em que Lucas estará nos meus braços e me tornarei mãe.